História

O povoamento de Alagoinhas  foi iniciado no final do século XVIII, quando um padre português fundou uma capela no seu território e daí começou a próspera vila em função da chegada de imigrantes e da passagem da estrada de boiadas, acesso para o norte e para o sertão, motivo do título dado por Ruy Barbosa de “Pórtico de Ouro do Sertão Baiano”. Enquanto vila, Alagoinhas recebeu vários nomes, os quais foram Freguesia da Água Fria, Freguesia de Santo Antônio das Lagoinhas e posteriormente Vila de Santo Antônio d’Alagoinhas. Este último nome foi o último como vila, que depois foi desmembrada da Vila de Inhambupe, para ser emancipada como Município de Alagoinhas. Em volta da igreja de Santo Antônio várias casas foram construídas, desse modo o povoado foi elevado a vila, através da Resolução Provincial 442 de 16 de junho de 1852. Mais tarde, do mesmo modo, causado pelo desenvolvimento da vila, que era gerado e norteado pela estação ferroviária, a qual era o centro de atividades econômicas, devido ao grande fluxo de pessoas e mercadorias, foi elevado a município de Santo Antônio de Alagoinhas, sendo desmembrado do município de Inhambupe. Segundo o IBGE, o distrito de Alagoinhas foi criado no dia 15 de outubro de 1816, pertencendo a Inhambupe até 16 de junho de 1852, quando se tornou um município. A emancipação política de Alagoinhas foi oficializada há 153 anos, no dia 2 de julho de 1853, com a posse da primeira Câmara Municipal e do presidente do Conselho, o coronel José Joaquim Leal. Em 1964 foi descoberto um poço de petróleo no município, o MG-1-BA. Três anos depois já haviam 30 poços, motivo que fez com que a Petrobras se instalasse no município, gerando seu desenvolvimento e aumentando os investimentos, mas também crescimento desordenado, deixando várias pessoas sem saneamento básico e acesso aos serviços de saúde. Com o desenvolvimento ferroviário e a descoberta de poços de petróleo, Alagoinhas cresceu bastante economicamente, tornando-se pólo de sua região. Voltou-se aos serviços, portanto seu desenvolvimento se deu, principalmente, no comércio, polarizando mais de 30 municípios vizinhos. 1. ESTAÇÃO DE SÃO FRANCISCO Foi através da Lei nº 641, de 26 de junho de 1852, sancionada pelo Governo Imperial, que se abriu em todo território brasileiro a concessão para companhias que se propusessem construir estradas de ferro. Assim foram construídas entre outras, a Estrada de Ferro Bahia ao são Francisco, a Central da Bahia, o ramal do Timbó. A primeira dessas estradas vai contar com verbas Provinciais no prolongamento feito de Alagoinhas a Juazeiro. O empreendimento foi ousado: a construção de uma estrada de ferro ligando a capital da Província ao interior. Nos mostra a legislação provincial na Lei nO 450 de 21 de junho de 1852, a concessão “à Companhia composta de membros da Junta da Lavoura e outros Proprietários desta província o privilégio exclusivo por 40 anos para abertura de uma estrada..sobre linhas de madeira ferrada, desta capital para vila de Como não foi levado a frente este empreendimento, o governo imperial concedeu a Joaquim Francisco Alves Branco Muniz Barreto a concessão da construção da referida estrada, mediante a garantia de juros de 5% anuais, segundo o Decreto n° 1299, de 19 de dezembro de 1853. Dois anos depois, organiza-se em Londres a Bahia and S. Francisco Railway Company a qual se passou os direitos de concessão através do Decreto n° 1615. Com a chegada do capital inglês, no ano seguinte – 1856 foi data do inicio da construção – quatro anos depois era entregue ao tráfego o primeiro trecho da estrada até Aratú. Nesse mesmo ano os trilhos atingiram o rio Joanes. Grande número de Operários estrangeiros foram usados na obra: 446 italianos, 107 ingleses, 11 alemães, 4 franceses, 2 suíços e 2069 brasileiros. A 13 de fevereiro de 1863, é inaugurado o trecho Salvador – Alagoinhas num total de 123 km. Continuando sob a administração da companhia inglesa, foi a estrada resgatada em 1901 e arrendada provisoriamente a Jeronymo Teixeira de Alencar Lima e Austricliano Honoria de Carvalho, com a denominação de Estrada de Ferro da Bahia ao S. Francisco. Em 1909 passa a ser conhecida como Companhia Viação Geral da Bahia, da qual é sucessora a Companhia Viação Este Brasileiro. De 1911 a 1935 esteve arrendada a uma Companhia Francesa, sendo depois incorporada ao Governo. Sua importância cresce com os prolongamentos feitos posteriormente para Juazeiro (1871) e Sergipe (1881), e um marco que ficou até nossos dias foi o importante edifício, construído nos moldes ingleses, para sede da estação em Alagoinhas, além de várias obras d’arte. Como foi citado, em 1863, foi aberta ao público o trecho ferroviário ligando a capital da província a então Vila de Alagoinhas. “Estas ferrovias construídas por empresas estrangeiras mediante empréstimos com garantia governamental de juros mínimos, além de outras regalias, eram um alto negócio em si mesmas, independente do lucro de operações que viessem a propiciar. Multiplicavam-se por esta razão, ligando os principais núcleos produtivos do interior do país à diversos portos representando um extraordinário progresso para as áreas que atravessavam”, escreve com muita propriedade Pietro Maria Bardi no trabalho “Lembranças do Trem de Ferro”. Segundo considerações submetidas Provincial em 1862 dizia o Engenheiro Fiscal: “O Distrito de Alagoinhas (onde chegará a Via férrea) ficará sendo o centro para onde serão convergentes os vários dos Distritos que para ali por necessidade e cômodo levarão seus produtos de exportação e importação as mercadorias que lhes são necessárias, será pois Alagoinhas um entreposto comercial, que exportará pela Via férrea açúcar tabaco, gado de muitas espécies e cereais alem de outras muitas produções que fará aparecer o fácil transporte pela via” Uma descrição do município de Alagoinhas feita em 1866, nos diz a seguinte visão: “Até 1866 a atual cidade constava apenas de umas 4 casas de telha junto ao rio, de um trapiche, das acomodações da estrada de ferro e de uma meia dúzia de casa de palha perto do barracão da dita estrada. Chamavam a esse insignificante lugar simplesmente – a ESTACAO. A Vila achava-se distante meia légua em posição elevada, no principio de um grande tabuleiro”. Dois anos depois, por Resolução Provincial n° 1013 de 16/04/1868 a sede da Vila foi transferida para o local onde fora erguida a Estação da Estrada de Ferro, distante 3 km. Segundo os relatos publicados sobre Alagoinhas, essa nova povoação teria tido inicio graças a iniciativas de um alagoinhense chamado Pedro Rodrigues Bastos, que estabeleceu-se comercialmente no ponto terminal da estrada de ferro, sendo seguido por outras pessoas. Esse núcleo inicial prosperou e a antiga Sede passou a ser conhecida como Alagoinhas Velha. 1.1. EDIFICIO DA ESTAÇÃO Sua construção liga-se ao momento em que, pela Lei n° 1953 de 17/07/1871, é autorizado o prolongamento da estrada até Juazeiro. Segundo a tradição oral, teria sido obra dos ingleses, o que nos faz aceitar tal hipótese, já que nesse período a Estrada de Ferro era administrada pela Railway Company. Para o prolongamento da Estrada de Ferro até Juazeiro, depois de aprovado o estudo, foi dada autorização pelo Ministério da Agricultura e aberta concorrência em 9/3/1876. Em outubro desse mesmo ano iniciaram-se os trabalhos que, segundo o contrato, deveriam ficar prontos em cinco anos, mas só onze anos mais tarde foi aberta ao público. A Estação de são Francisco teve sua construção iniciada no dia 25 de Outubro de 1876, com a solenidade de assentamento da primeira pedra, pelo então Presidente da província Dr. Luiz Antônio da Silva Nunes. No ano seguinte o Desembargador Henrique Pereira de Lucena trata do prolongamento fazendo a seguinte colocação a respeito do local escolhido para a Estação: “A saída de Alagoinhas … pareceu-me muito defeituosa e pouco conveniente pois que ter-se-ia de partir da estação da companhia inglesa, logo em curva … entretanto, pouco antes desta estação junto a estrada da Capela Rajador, ao lado da estrada inglesa excelente local havia não só para a nossa estação e suas dependências, como para a baldeação de cargas e viajantes de um para outro trem, e tudo isso, com a considerável vantagem de poder a estrada ficar em uma reta …” [sic] A respeito da escolha do local, o Engenheiro Fiscal Firmo José de Mello, comunicou em oficio de 9 de janeiro de 1863 sua opinião a respeito tendo em vista que “afastando-se do litoral não se encontram grandes focos de população e comércio … para obter maior lucro em vez de estabelecer Estações nos lugares mais importantes, somente erguer muitas pequenas e liqueiras em todos os pontos…” o que não foi levado em consideração, quando se observa a imponência de construção da Estação de São Francisco. No trabalho de construção foram empregados materiais importados como os postes de sustentação da abóbada de origem inglesa e telhas francesas. Chama atenção sua cobertura metálica sobre as plataformas como treliça em arco. Registra-se a data de 18 de novembro de 1880 como a de sua inauguração No período em que assumiu o Governo do Estado, José Marcelino visitou Alagoinhas e a população local adorou a Estação conforme noticiou o Correio de Alagoinhas de 11.03.1896. A carência de relatório na Biblioteca da Rede Ferroviária deixa um vazio no aspecto da construção. Esse material é encontrado com certa regularidade nos primeiros decênios do século XX. Nesses relatórios, na sua maioria muito bem detalhados à nível técnico, retiramos algumas noticias acerca da conservação dos imóveis. No Relatório de 1911, apresentado pelo Ministro de Estado da Viação, Dr Barbosa Gonçalves, diz: “VIA PERMANENTES, Edifícios e estações – Fizeram-se reparos em quase todas as estações e edifícios desta linha, inclusive na casa dos agentes e conferentes, mestre de linha e no barracão de mercadorias em Alagoinhas”. Como vimos não trata do edifício da Estação. Bom lembrar que nesse ano, por Decreto de 11 de outubro de 1911, passou a Estação de Ferro a ser administrada pela Compagne de Chemins de Fer Federaux de L’Est Brasiliens. Em 1929, o Conselho Municipal em Ata da 2ª Sessão do 1° período do Legislativo, fez constar uma indicação do Conselheiro José Gabriel, para que seja dado a Estrada de S. Francisco, o nome de Estação Moreira Rego em homenagem ao Comendador Pedro Moreira Rego. Apesar da proposta o nome não foi mudado.

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